terça-feira, 20 de setembro de 2011

III FESTIVAL NACIONAL DE CINEMA E VIDEO RURAL DE PIRATUBA por Ana Oneda


III FESTIVAL NACIONAL DE CINEMA E VIDEO RURAL DE PIRATUBA
por Ana Oneda



Mais um grande Festival Nacional de Cinema e Vídeo Rural foi realizado na semana passada em Piratuba, SC, na fenomenal Rota da Amizade, no histórico Vale do Contestado. Durante quatro dias, dezenas de filmes, documentários, curtas e produções amadoras voltadas ao tema do homem do campo foram transmitidas para o público, que variava de profissionais da área, estudantes e trabalhadores do meio rural, muitos dos quais estavam tendo pela primeira vez a oportunidade de assistir uma obra reproduzida na telona.

Além disso, a presença ilustre de jornalistas profissionais, diretores de cinema e atores globais deu um brilho a mais ao festival. Na noite de inauguração, as estrelas foram o grande jornalista Jose Hamilton Ribeiro e a simpática atriz Monique Alfradique. O ator Jackson Antunes, completou, com sua presença iluminada, o clima de “Festival de Emoções” do evento, título sugerido pelo jornalista do Canal Rural, Marcelo Lara. Marcelo, juntamente com o diretor Roberto Carminatti, já esteve presente na segunda edição do Festival de Piratuba, e ambos retornaram nesta edição oferecendo novas oficinas e bate-papo com o público.

Piratuba, rica em cultura e tradição, apresentou seus frutos aos espectadores do espetáculo. O grupo de dança Acquadança, como sempre, encantou com sua representação da histórica Guerra do Contestado, conflito que ocorreu pela disputa de terras entre os caboclos naturais da região e o exército. Também estiveram expostos durante os dias do festival o trabalho de costureiras, pintores e artesãos da cidade. O costumeiro café colonial era tentação, com seus pães, queijos, salames e bolos de dar água na boca.

Oficinas gratuitas de fotografia, jornalismo, agricultura e sustentabilidade deram ao público presente a oportunidade de estar em contato com profissionais das diversas áreas. O meio rural é marcado pela tradição do apego à família, da simplicidade, da conversa ao redor do fogo, da roda de chimarrão. Esta era a sensação que se sentia no festival: estávamos em casa, em convívio direto com personagens brasileiros ilustres, fazendo parte deste mundo. A proposta do festival é única no Brasil, e se consolidou este ano como Festival Nacional e o maior de Santa Catarina, com 146 filmes e 85 fotografias inscritas, tendo a participação de 21 Estados. A intenção é subir este número e crescer mais a cada ano, seguindo a proposta da valorização da vida rural.

No encerramento do festival foi feita a premiação dos ganhadores nas diversas categorias concorrentes. O filme Bode Rei, Cabra Rainha, de São Paulo, ficou com os prêmios de Melhor Documentário, Melhor Trilha Sonora e Melhor Filme do Festival. A Melhor Ficção foi Malabares – Os Filhos dos Outros, de Florianópolis. Própolis Vermelha, de São Paulo, ganhou como melhor reportagem de TV. Na região, foram premiados os filmes Legião de Pioneiros – 50 anos de Soja, de Joaçaba, como melhor filme amador, e de Piratuba o filme Memorável Trem de Ferro foi o vencedor na categoria Fotografia.

A produção que mais contribui com a melhora de vida no campo é "Acolhida na Colônia", de Florianópolis. A mais engajada por uma causa social foi "A Vida na Roça", de Jataí – GO e com a questão ambiental foi "Pagamento por serviços ambientais", de Florianópolis. Como menção honrosa, ganhou a reportagem "Personagem da Vida Real", que mostra a vida do Garoto Propaganda do Festival de Cinema de Piratuba, o agricultor Lori Azeredo.

Nesta edição, foi idealizada ainda a categoria “Piratuba no Festival”, onde foi aberto o espaço para as criações de alunos e moradores da cidade de Piratuba. O fechamento ficou por conta do show da dupla Kleiton & Kledir, músicos de Porto Alegre, que fizeram questão de dizer que seu trabalho não é rural, mas é completamente inspirado nas raízes criadas no campo durante a infância. E isto é o que nos leva a presenciar este grande festival: o retorno às raízes, a valorização da terra que nos dá sustento e dos trabalhadores que fazem do alimento o seu ganha pão. É a prova de que é possível relacionar a tecnologia do cinema atual com a simplicidade da vida no campo.