À MARGEM DO
OLHAR
Meu grande amigo e confrade João
Ramid, que possui um dos maiores acervos fotográficos da Amazônia,
inaugurou outra mostra fotográfica com uma proposta diferente, aonde a arte
surge como caminho em seu trabalho em busca da informação visual. A expo "À Margem do Olhar" conta com a curadoria do Paulo Chaves, arquiteto que teve
a coragem de mudar ainda mais e para melhor a imagem de Belém-PA, e mais do que
isso, ampliou muito a alto estima de um povo. Paulo hoje está como Secretario de
Cultura do Estado do Pará. Ramid pretende que esta fenomenal mostra circule pelo
Brasil, já com proposta de ser exibida em Macapá e na Europa. A associação
Brasileira de Jornalistas de Turismo - ABRAJET-PA é a maior patrocinadora e
apoiadora dessa empreitada que pretende mostrar algo do artista mas
principalmente as coisas boas que atraiam olhares para o potencial turístico de
nosso Estado e país. A expo acontece na galeria Fidanza, no museu da arte sacra,
com vernissagem as 20hs. mais informações: www.joaoramid.com.br
- www.amazonimagebank.com.
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Segundo o Secretário Paulo Chaves
Fernandes: "O rigor do fotógrafo documental e publicitário, dá lugar a uma
outra imagem do olhar, onde a emoção faz morada. Livre, ele alça voos
(literalmente em algumas tomadas desta coleção), sem o obrigatório compromisso
de tema ou de unidade visual. São paisagens que fecundam a alma num arco-íris de
reflexões e sentimentos embaralhados; ora instantâneos daquele momento único que
o olhar treinado sabe identificar (é o caso do lírico e, ao mesmo tempo, trágico
registro das índias que nos induzem a pensar num tempo prestes a se acabar); ora
são rastros, mais ou menos sutis, da ação antrópica sobre a natureza (como, por
exemplo, a tenda escaravelho que parece se deslocar, ameaçadoramente, sobre o
areal). Em outros momentos, a natureza responde, simbolicamente, às violações e
dá o seu grito de alerta (os pássaros Hitchcockianos, tendo o farol de Salinas
como testemunho, ou as águas aterradoras sobre as pousadas de Ajuruteua). Há,
intercaladas às fotos espontâneas, outras imagens cenograficamente produzidas
com a intenção de estabelecer a sinergia entre o homem e o ambiente, sinalizando
como possível a convivência sem devastar (conceito poeticamente expresso na
mulher borboleta, construída com pele, areia, músculos e água, ou mesmo com a
menina do manguezal ou a que floresce os lábios na pedra). Ou seja, é um outro
João a expressar as paixões mais recônditas que o dia a dia do fotógrafo, tão
requisitado, não permite mostrar. Talvez, ele próprio tenha se retratado na
índia sob a veladura diáfana do mistério, a qual vai coletando, pachorrentamente
dias a fio, artefatos e afetos, deste e de outros tempos imemoriais, para serem
revelados, se tudo estiver um dia perdido, como sementes de um novo
amanhecer."